O ponto inicial para o trabalho de qualquer roteirista é a ideia.
Mesmo se tratando de adaptação de algo já existente, o autor deve imprimir à nova obra elementos que também nascem de suas ideias. Mas de onde elas podem surgir?
1º) da Criatividade: Principal fator de criação de histórias inéditas, é um dom inato, que uns têm em maior ou menor quantidade. Geralmente manifesta-se naqueles insights que aparecem do nada na cabeça do roteirista a qualquer momento, às vezes, em situações bem inusitadas (eu já tive boas ideias nadando ou em um engarrafamento). Porém a criatividade talvez seja a mais traiçoeira e ardilosa das fontes inventivas, já que o roteirista pode pensar que cria algo inovador quando, na verdade, tem uma vaga lembrança de algo que já viu antes em um filme antigo ou livro e nem se recordava mais. Mesmo assim, graças ao traquejo criativo inerente a cada um, é possível produzir um texto original com nova força e boa qualidade mesmo quando provém de um tema "batido".
2º) de Experiências, fatos reais e conhecimentos específicos: Situações que o roteirista ou amigos e conhecidos viveram, lembranças da infância, histórias contadas pelos avós, até mesmo notícias de jornais dão base a roteiros ou a cenas isoladas.
A vivência e o conhecimento particular do autor em determinada área também são importantes para a escolha da temática de um roteiro. Por exemplo, Sílvio de Abreu, fã confesso das vedetes do era do Teatro de Revista, soube abordar como ninguém a questão em sua novela Belíssima, com as personagens Guida Guevara e Mary Montilla, pois conhecia muito sobre o universo das estrelas teatrais daquela época. Outro exemplo: um professor ou um atleta escreverão roteiros sobre escola ou esportes com maior facilidade que um leigo, por possuírem um domínio maior sobre o universo que permeia a narrativa.
3º) do Cotidiano: Muitas coisas atuais que ocorrem no mundo ou bem próximas à vida do roteirista oferecem ideias para textos e ele não se dá conta. Procurar observar mais o que acontece a seu redor, com relação a tendências comportamentais, sociais, políticas e modismos, é um grande exercício de imaginação. Talvez aquela pessoa exótica, que você considera uma "figura", seja um personagem interessante para seu roteiro e ainda não tenha notado. A realidade pode e deve ser imitada!
4º) da Literatura: Como já foi dito em outra publicação deste blog, para ser roteirista é preciso ler muito. E não falo só de romances, crônicas e contos de autores consagrados: até uma HQ com bom argumento e diálogos, pode ser uma boa fonte de inspiração. Evidentemente um texto literário não foi escrito com a mesma linguagem do roteiro para televisão e cinema, contudo ele oferece ao autor componentes dramáticos para bolar personagens, situações, diálogos, climas, desfechos, etc.
Vale ressaltar que a literatura deve ser encarada como um princípio para ideias, não para incentivar plágios.
E o fundamental com relação às suas ideias: nunca subestime sua criatividade! Sempre haverá críticas quanto ao que você escreve, mas o que não é interessante para uns pode ser para outros, e vice-versa.
